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... a verdade pela arte!

sábado, 2 de abril de 2011

Você é Fluxus?



O encontro de Lia com um rolo de filme super 8, desenrola seus múltiplos pensamentos interligados aos diferentes mundos em que vive. Pensa, borda, escreve, pinta, mexe e remexe a vida. Canta, dança e caminha desenhando a estrada que sonha percorrer com seu novo filme/fantasia. Tudo ainda por fazer: páginas em branco, espaços vazios, minas escondidas, plantas por brotar, películas virgens... Com a tecnologia do lápis sua mente desperta para as formas de gravar o tempo, escreve longos e longos textos. Sempre observando suas mãos, os movimentos, a pressão sobre a página, o desenho orgânico da letra e o espaço que ocupa. Avança compondo uma perfeita obra musical, preenchendo todo o espaço vazio da sala onde respira. Com seu olhar atento e angular captura as mais tênues e flutuantes imagens que o espaço descarta sobre acelerados trilhos azuis. O filme roda deixando para trás relógios e ampulhetas. O tempo não se faz mais necessário. O tempo entra em cena como elo de imagens, cores, formas e volumes.

Com agulhas perfurantes costura e borda cenas de dores da alma das crianças que as minas escondidas explodiram. Com os respingos de sangue pinta a tela vermelha que envergonha a humanidade e crava a honra de uma sociedade que não se respeita. O bordado e o pictórico confundem-se com real e virtual. O belo ainda prima aos olhos condicionados de um mundo aflito e sedento por mais e mais informação. As fronteiras tênues dos proibidos e instantâneos sentimentos já não movem o mundo carnavalesco. Cedem lugar ao perverso poder de ter tudo aquilo de que não se precisa ter para sentir.  Enlouquecidos, embriagados e encorajados pela diversidade da tecnologia disparam-se mergulhados nas muitas multis. Criar, recriar, fazer e refazer, circular e multiplicar são palavras de ordem no mundo contemporâneo.

Atrás dos excessos de comunicação o mundo adormece sobre folhas mortas da mangueira que não brota mais. Multisementes, multidesejos, multitempo, multivisão, multi meios, é hora de parar e assistir ao filme que pode ser projetado ou transmitido digitalmente para o celular ou lap top, televisão ou qualquer outra superfície. Uma globalização de mídias? Ou um Cortes e Costuras?

2007                                  
Regina Mello

Are You Fluxus?
Lia’s encounter with a roll of Super 8 film rolls out her many interconnected thoughts on the different worlds we live in. She thinks, embroiders, writes, paints, and messes around with life. She sings, dances, goes around drawing the road she dreams of going down with her new film/fantasy. Everything remains to be done: blank pages, empty spaces, hidden mines, plans to blossom, virgin film....With the technology of the pencil, her mind awake to ways of recording time, she writes long, long texts, always observing her hands, the movements, the pressure on the paper, the organic design of the letter and the space it occupies. She moves ahead, compounding a perfect musical work, filling all the empty space of the roam where it breathes. With her attentive and angular vision she captures the tenuous and fleeting images that space discards over accelerated blue trails. The film leaves behind the clock and hourglass. Time is made unnecessary. Time enters the scene as a nexus of images, colors, forms and volumes.

With perforating needles she sews and embroiders scenes of the pains of the souls of children that hidden mines explode. With spatters of blood she paints the screen a red that shames humanity and nails the honor of a society that doesn’t respect itself. The embroidery and the pictorial confuse themselves with the real and virtual. Beauty still primes eyes conditioned in a afflicted world thirsty for more and more information. The unsteady frontiers of prohibited and instantaneous feelings no longer move the carnivalesque world. They yield space to the perverse power of having all that does not need to be felt. Crazed, inebriated, and encouraged by the diversity of technology, they are thrust into many multis. To create, re-create, do and re-do, circulate and multiply are the watchwords of the contemporary world.

Behind the excessive communication the world sleeps on the dead leaves of a mango tree that no longer blossoms. Multiseeds, ultidesires, multitime, multivisions, multimedia, it is time to stop and watch the film that can be projected or transmitted digitally to your cell phone of laptop, television or any other surface.
A globalization of media? Or cuts and Seams?

Regina Mello tradução de Glenn Cheney


Atrás dos excessos de comunicação o mundo adormece sobre folhas mortas da mangueira que não brota mais.

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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Artista das artes visuais e da poesia. Pensa, respira e vive arte!